terça-feira, 22 de abril de 2008

ISTO É, ajuda na prevenção e recaida...

Recair não é o fim Segundo o psiquiatra americano Alan Marlatt, em vez de encarar uma recaída como o fim do mundo, o paciente deve enxergá-la como um erro que pode ser reparado. Professor de Psicologia Clínica da Universidade de Washington e diretor do Centro de Pesquisas em Comportamento Aditivo, em Seattle, Marlatt veio ao Brasil para participar do 13º Congresso Brasileiro de Alcoolismo e Outras Dependências, realizado em agosto, no Rio de Janeiro, e lançar a edição brasileira de seu livro Redução de danos (Ed. Artmed), em que defende uma abordagem mais humanista e pragmática em relação ao usuário de drogas.

ISTOÉ - O sr. recomenda ver a recaída como um desafio e não como um fracasso. O que quer dizer com isso?
Alan Marlatt - O que devemos aprender é como não repetir o erro. É preciso identificar e evitar as situações de risco, sentimentos desagradáveis que costumam levar às recaídas: estados emocionais negativos, como raiva, ansiedade, depressão, tédio.

ISTOÉ - É necessário mudar de grupo social para deixar as drogas?
Marlatt - Às vezes sim, porque a pressão social produz cerca de 20% das recaídas. As pessoas sentem vontade só pelo fato de ver as outras pessoas usando uma substância. Mas a maioria não precisa de programas para deixar de usar drogas.

ISTOÉ - É verdade que é tão difícil abandonar o tabaco quanto a heroína?
Marlatt - As taxas de recaída são muito parecidas no caso do tabaco, da heroína e também do álcool. Apenas cerca de 15% das pessoas que tentam conseguem se manter abstêmias após 12 meses. O período mais crítico são os três primeiros meses. Há uma média de cinco tentativas até que se consiga parar, e só um quinto das pessoas consegue deixar o vício na primeira tentativa.

ISTOÉ - Mas isso não funciona para quem é dependente.
Marlatt - Não, quem é dependente não sabe moderar. Precisa de programas de desintoxicação. Mas nem todos estão preparados para isso. É o caso do cantor Kurt Cobain. Ele não quis se tratar e não estava pronto para deixar a heroína. Sua mulher e os amigos tentaram levá-lo a um centro de recuperação em Los Angeles, mas ele voltou a Seattle e se matou. Poderia ter recorrido a um programa de redução de danos, com remédios como a metadona.

ISTOÉ - Como são esses programas?
Marlatt - São procedimentos como usar agulhas descartáveis, no caso de drogas injetáveis, ou usar chicletes ou adesivos com nicotina. A abstinência é o objetivo ideal. A redução de danos é uma abordagem pragmática e humanitária. Já que as pessoas usam drogas, o que fazer para reduzir os riscos à sua vida e à sociedade? Nós enfrentamos uma grande resistência da Casa Branca, que tem uma abordagem moralista do assunto - a tal tolerância zero. O governo americano encara isso como uma posição pró-legalização das drogas, o que é falso.

Autores:

Isto é - Nº 1562 BRUNO WEIS E CLARISSE MEIRELES
MARLATT & GORDON. Prevenção da Recaída. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1993. Tradução do inglês.

Um comentário:

Unknown disse...
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