terça-feira, 8 de abril de 2008

Drogas-uso e consequências

A DROGA AGINDO - As drogas sempre foram usadas pelas pessoas, desde o início da humanidade. Moralismos e puritanismos à parte, elas continuarão sendo usadas por muito tempo. Não é que devamos por isso estimular o seu uso, mas tendo isto em mente e abandonando totalmente a hipocrisia pseudo-cristã, devemos informar às pessoas sobre todas as consequências que as drogas trazem para o organismo, para que possam evitar suas armadilhas e tentar lidar do melhor modo com isto. A educação é o melhor remédio.

Basicamente, quando um psicotrópico chega ao cérebro, estimula a liberação de uma dose extra de um neurotransmissor, provocando as sensações de prazer. Mas à medida que o uso vai se prolongando, o organismo do usuário tenta se ajustar a esse hábito. O cérebro adapta seu próprio metabolismo para absorver os efeitos da droga. Cria-se, assim, uma tolerância ao tóxico. Desse modo, uma dose que normalmente faria um estrago enorme torna-se em pouco tempo inócua. O usuário procura a mesma sensação das doses anteriores e não acha. Por isso, acaba aumentando a dose. Fazendo isso, a tolerância cresce e torna-se necessária uma quantidade ainda maior para obter o mesmo efeito. A dependência vai assim se agravando continuamente. Como o psicotrópico imita a ação dos neurotransmissores, o cérebro deixa de produzi-los. A droga se integra ao funcionamento normal do órgão. E quando falta o “impostor” químico, o sistema nervoso fica abalado. É a síndrome da abstinência.

Os neurotransmissores são substâncias químicas capazes de transmitir um sinal elétrico de um neurônio a outro. Assemelham-se a um eletrólito de bateria, o qual permite que a corrente elétrica circule pelas placas. Depois de retransmitir o sinal elétrico, o neurotransmissor normalmente é reabsorvido, para não ficar estimulando indefinidamente os outros neurônios, permitindo que eles possam reagir rapidamente a novas exigências. As drogas que provocam euforia, como a cocaína, impedem essa reabsorção, de modo que o cérebro fica super-ativado. Não é difícil perceber o estrago que essa intervenção antinatural pode provocar, quando se sabe que num minuto ocorrem trilhões de trocas neuroquímicas no cérebro. Não é sem razão que muitos especialistas em drogas chamam esse estado de "prazer espúrio".

Os especialistas costumam dividir as drogas em dois tipos: leves e pesadas. Drogas leves são as que causam "dependência psíquica", que significa o desejo irrefreável de consumir a droga. Drogas pesadas são aquelas que além da dependência psíquica causam também a física, ou seja, a sua falta acarreta uma síndrome de abstinência tão violenta, com sintomas físicos tão dolorosos, que o viciado procura desesperadamente pela droga a fim de aliviar a ânsia de consumo. Por essa razão, fumo e álcool podem ser considerados como drogas pesadas, apesar de serem socialmente aceitas.

MACONHA - A maconha, derivada na planta Cannabis sativa, é originária da Índia. O imperador chinês Shen Nung reconheceu as propriedades alucinógenas da Cannabis quando a recomendou como medicamento. Dois dos primeiros nomes em chinês da maconha – “libertados do pecado” e “fornecedor de encantos” – já denotavam a potencialidade dos seus efeitos inebriantes. Com a disseminação do conhecimento de que o uso da maconha levava o usuário a “ver espíritos”, os chineses passaram a usar Cannabis para – como afirmavam – “desfrutar a vida.” A oeste da China, as tribos bárbaras da Ásia foram as responsáveis pela popularização da maconha como droga recreativa. É obtida de folhas e flores secas do cânhamo indiano, e apresenta cerca de 60 substâncias psicotrópicas solúveis na corrente sangüínea, que ficam no corpo do usuário por cerca de 7 dias, sendo a substância mais importante delas o delta-9-tetrahidrocanabinol (D-9-THC), conhecido como THC. Foi o israelense Raphael Mechoulan que identificou, em 1964, essa principal substância ativa da droga. Uma maconha "normal" tem um teor de cerca de 8% de THC. Existem mais de 400 outras substâncias químicas na planta, das quais muitas não se conhece ainda os efeitos. A maconha é a segunda droga mais consumida entre os jovens nas principais cidades do Brasil, perdendo apenas para o álcool. Essa pesquisa não considerou o cigarro nem o café como drogas psicoativas. Há algum tempo surgiu uma nova variedade de maconha, chamada "skunk" ou "supermaconha". O skunk é produzido em laboratório com variedades de cânhamo cultivados no Egito, Afeganistão e Marrocos, apresentando um teor de THC de até 33%. Seus efeitos são dez vezes mais potentes que os da maconha comum. No Brasil, o consumo do skunk está crescendo. O efeito da maconha é percebido em aproximadamente 5 minutos depois de começada a ser fumada, durando por duas a quatro horas aproximadamente. O efeito da maconha aumenta a sensibilidade aos estímulos externos melhorando a apreciação da música e da arte. O principal efeito relatado é a tranquilização e a redução da capacidade de concentração. Em vários países se constatou considerável aumento de registros de acidentes de automóveis, motos, trens e até caminhões envolvendo motoristas consumidores de maconha. Em níveis muito altos pode provocar alucinações ou delírios com reações comportamentais indevidas como agitação e agressividade. O uso prolongado leva a um comportamento caracterizado pela não persistência numa atividade que requeira atenção constante (Síndrome Amotivacional). Já se catalogou cerca de 50 efeitos relacionados ao consumo da maconha. Alguns deles: tremor corporal, vertigem, náuseas, vômitos, taquicardia, excitação psíquica, diarréia, alterações sensoriais, lentidão de raciocínio, oscilação involuntária dos olhos, zumbidos, desorientação, medo de morrer, depressão, alucinações, amnésia temporária, pânico, idéias paranóides…

HAXIXE - O haxixe também é obtido a partir do cânhamo, com a diferença de que utiliza a resina que cobre as flores e as folhas da parte superior da planta. É um extrato, e portanto muito mais potente que a maconha comum. O haxixe é muito consumido no Oriente, sendo que um dos principais produtores é o Líbano, onde o cultivo domina as atividades agrícolas do norte do país.

COCAÍNA - A cocaína é uma das substâncias extraídas das folhas da coca, o arbusto Erytroxylon coca, originário da região andina. Em 1862 o químico Albert Niemann conseguiu produzir em laboratório, a partir da coca, um pó branco – o cloridrato de cocaína, cuja fórmula química é 2-beta-carbometoxi-3betabenzoxitropano. A partir de 1880 a cocaína passou a ser empregada como anestésico local em cirurgias do nariz e da garganta, e depois como analgésico. Empregava-se também para combater vômitos e enjôos, através de poções. Nas últimas duas décadas do século 19, medicamentos patenteados contendo cocaína inundavam o mercado. Desde tônicos, ungüentos, supositórios, pastilhas expectorantes e até vinho com cocaína. No início do século a cocaína ainda podia ser comprada livremente, era um medicamento como outro qualquer. Era inclusive utilizado na fórmula original da Coca Cola, eis o porquê deste nome... Freud era um usuário regular. Só foi proibida tempos depois, quando os casos de morte pelo seu abuso começaram a assustar... Como vício, a cocaína é consumida na forma de cloridrato, sendo absorvida por via oral ou nasal. Chegando à corrente sangüínea a droga começa a atuar em três neurotransmissores cerebrais: a serotonina, a norepinefrina e, principalmente, a dopamina. Esses neurotransmissores é que permitem que um neurônio (célula nervosa) mande uma mensagem a outro, já que eles não se tocam. Num processo normal, a dopamina leva a mensagem de um neurônio a outro e depois é reabsorvida pela célula de origem. A cocaína impede essa reabsorção, obrigando a dopamina a continuar estimulando as células nervosas, gerando uma alta estimulação neurológica que leva o nome de "euforia cocaínica", com a conseqüente exaustão das reservas de neurotransmissores (Guardadas as devidas proporções, o processo é idêntico ao causado pelos antidepressivos tricíclicos. A cocaína também potencializa os efeitos dos neurotransmissores noradrenalina e serotonina). O corpo leva de 15 minutos a uma hora para metabolizar a droga. A cocaína não apenas impede a reabsorção do neurotransmissor, mas também destrói ou queima os receptores pós-sinápticos. Essa curta sensação artificial de prazer, forçada pelo excesso de dopamina no cérebro, é suficiente para escravizar centenas de milhares de pessoas. O usuário pode apresentar sintomas psicóticos: irritabilidade e inquietação constantes, alucinações visuais aterradoras, desconfiança de tudo e de todos, delírios, crises de medo. No geral, há pelo menos 47 sintomas ou sinais catalogados decorrentes da intoxicação por cocaína em suas várias fases… Um dos efeitos psicológicos adversos mais comuns é a depressão crônica que se segue à euforia inicial. Outros pesquisadores catalogam ainda os seguintes sintomas ou sinais que a cocaína provoca: ansiedade, irritabilidade, violência, apatia, preguiça e letargia, comportamento compulsivo, problemas de concentração, confusão mental, problemas de memória, tremores (associados tanto com o uso quanto como o afastamento da droga), desinteresse nos relacionamentos com a família e com os amigos, extrema agitação, ataques de pânico, negligência pessoal, desconfiança de amigos, familiares, cônjuges e colegas de trabalho, estado psicótico semelhante à esquizofrenia paranóide, com delírios e alucinações. A cocaína também causa nos usuários a diminuição da fadiga, da fome e da sensibilidade à dor. Grandes doses podem causar parada do coração e morte. Eventualmente provoca febre (devido à problemas respiratórios na inalação). É causa de infecções bacterianas do nariz e da garganta, boca seca, tosse, convulsões, tonturas, enxaquecas com diferentes graus de severidade, náusea, dores abdominais, insônia, hipertensão, hemorragia cerebral (quando a hipertensão rompe os vasos do cérebro), arritmia cardíaca, coagulações e infecções cardíacas. A longo prazo os efeitos são a dependência e lesões cerebrais. Há um adelgaçamento do córtex cerebral, devido provavelmente a uma isquemia microscópica nessa zona. As mucosas nasais ficam corroídas. A droga provoca perda de peso e alterações hormonais, 14% dos consumidores têm pelo menos uma crise convulsiva, independentemente da dose tomada. De acordo com um estudo, o usuário de cocaína passa por quatro fases distintas no consumo da droga; isso, naturalmente, se não morrer antes de "overdose": 1ª fase – Euforia cocaínica: excitação, hipersexualidade, inapetência, hipervigilância, instabilidade emocional, insônia; 2ª fase – Disforia cocaínica: angústia atroz, inapetência, insônia, indiferença sexual, apatia, tristeza, melancolia, agressividade; 3ª fase – Alucinose cocaínica: alucinações (visuais, auditivas, táteis, olfativas), excitação psicomotora, indiferença sexual; 4ª fase – Psicose cocaínica: ilusões paranóides, mania de perseguição, insônia, depressão, tentativas de suicídio e homicídio, alucinações (auditivas e olfativas), hipervigilância. Os sintomas da 4ª fase são comuns entre usuários de grandes doses de cocaína, e mais ainda naqueles que fazem uso da associação álcool-cocaína. O dependente faz associação com outras drogas, como o álcool e tranqüilizantes, para contrapor efeitos excessivamente estimulantes da cocaína. Nos Estados Unidos e Europa é comum a combinação com opiáceos; os viciados "sobem" com a cocaína e "baixam" com a heroína, prática essa denominada de speed boinling. A overdose geralmente ocorre na fase inicial estimulatória de toxidade, (ataques, hipertensão e taquicardia) ou na fase posterior de depressão, culminando em extrema depressão respiratória e coma. Com a disseminação do uso endovenoso, existem riscos de coagulação do sangue com danos às veias, inflamação do fígado, inflamação da membrana que reveste a medula espinhal e o cérebro, alterações visuais, pupilas dilatadas, clarões de luz na visão periférica, perda do apetite, anorexia e perda de peso, padrões alternativos de prisão de ventre e diarréia, e dificuldade para urinar. A cocaína danifica o cérebro ao produzir um estreitamento dos vasos sangüíneos, que pode até ser fatal.

CRACK - Em fins da década de 70 surgiu droga derivada da cocaína ainda muito mais poderosa e mortífera, e também muito mais barata: era o "crack". Sua popularização, porém, só se deu na década de 90. O crack é um derivado químico da pasta de cocaína, sendo oferecido na forma de pequenas pedras que são fumadas em cachimbos improvisados. Provoca intensa euforia e sensação de poder. A dependência é quase imediata: com cinco "pipadas" a pessoa já está viciada. Assim como a cocaína comum, o crack também atua bloqueando a reabsorção de um neurotransmissor, a copamina. Para os viciados em crack a droga passa a ser literalmente tudo em suas vidas. Muitos chegam a ficar procurando pelo chão alguma pedra perdida, seja onde for, e fazem qualquer coisa para obter dinheiro e conseguir aplacar a necessidade de consumo. Começam vendendo tudo o que é seu ou de seus parentes, depois passam a roubar e se prostituir, e por fim matam se for necessário. O viciado se degrada tão profunda e rapidamente, e de modo tão visível, que, ao contrário do que acontece com as outras drogas, ele tem plena consciência que a sua transformação é devida ao crack.


ECSTASY - Em 1912 os laboratórios Merck, na Alemanha, ao pesquisarem uma droga moderadora de apetite sintetizaram a substância metilenodioximetanfetamina (MDMA). Vendida no mercado com o nome de XTC, a droga ficou pouco tempo nas prateleiras das farmácias após o registro de casos de alucinações entre usuários. Os comprimidos reapareceram nos anos 70 para embalar as festinhas de jovens na Inglaterra e nos EUA. Nos anos 80, passaram a ser combustível obrigatório nas danceterias da moda. Logo depois ela passou a ser conhecida com o nome de "ecstasy". O apelido foi dado por um traficante americano em 1984. A idéia era vender a droga sob o nome de empathy (“empatia”, em inglês), pois um de seus efeitos mais notáveis era o aumento da sociabilidade dos usuários. Mas o traficante achou que ecstasy tinha mais apelo comercial... O ecstasy é uma droga peculiar. É aparentado quimicamente com as anfetaminas e com o LSD ao mesmo tempo. Ou seja, é estimulante e alucinógeno. Isso faz com que os sentidos do usuário, em especial o tato, fiquem mais aguçados. Essa estimulação do tato fez com que o ecstasy ficasse conhecido como a “droga do amor”. A "droga do amor" ou "pílula do amor" provoca perda total da inibição e, de acordo com os que a consomem, "intensificação do sentimento de amor ao próximo". Sob o efeito da droga a pessoa tem a impressão de que é agradável, simpática e muito sensível. Nas danceterias — principais locais de consumo — são comuns cenas de grupos de pessoas se abraçando. Também conhecida como "Adam", "X", "E", o ecstasy provoca sensação de bem-estar e elevação do humor. Aumenta a temperatura do corpo, aumenta a freqüência cardíaca e a pressão arterial. Pode provocar crises de pânico e depressão após o uso. Outros sintomas bastante comuns são: náuseas; suor intenso, desidratação; estimulação; bruxismo (contração da mandíbula); aumento da percepção visual e auditiva. O ecstasy é muito popular em raves e clubes de música eletrônica, e atualmente o consumo só fica abaixo da maconha e do haxixe. Até um livro sobre o ecstasy e a dança já foi escrito… A droga vem se alastrando pelo mundo, e seu consumo tem sido registrado até na muçulmana Indonésia. Lá, até mesmo os taxistas da capital, Jacarta, admitem consumir ecstasy em seus períodos de serviço. Em 1995, no auge da onda clubber, quase um milhão de pessoas consumiam a droga a cada final de semana na Inglaterra. Naquele ano, uma moça de 18 anos morreu depois de tomar um único tablete da droga, fato que não desestimulou o consumo no país, onde se estima que o número de pílulas consumidas a cada fim de semana seja de um milhão e meio. Um estudo internacional mostrou que, em 26 casos, houve 9 mortes em períodos de 2 a 60 horas após a ingestão de ecstasy. O uso do ecstasy e de drogas como o Special K está intimamente ligado às festas. Além da desinibição, a droga estimula a pessoa a dançar continuamente, sem descanso. A pessoa fica submetida a um estímulo constante e por isso fala, dança e pula sem parar, como um motor de carro que trabalha sempre em alta rotação. O resultado no organismo é o superaquecimento, como ocorreria num motor. Os locais fechados, como boates e clubes contribuem para a hipertermia. A maior parte das mortes registradas foi decorrência disso. A pessoa movimenta-se sem parar, sua abundantemente, o corpo esquenta demais (pode chegar a 42ºC e cozinhar os órgãos internos) e a desidratação é fulminante. A necessidade de tomar água é muito grande, e na verdade é importante que um usuário de ecstasy beba água sempre que sentir sede, mas também deve tomar cuidado para não beber água demais pois isto também pode matar. A droga também é extremamente tóxica para o fígado, que pode até parar de funcionar. O ecstasy também pode causar: fadiga, depressão, dor de cabeça, inapetência, nistagmo, visão turva, manchas roxas na pele, movimentos descontrolados da cabeça, pescoço, braços e pernas, dificuldades respiratórias, náuseas, câimbras gástricas, vômitos, crises bulímicas, hipertensão arterial, insônia, irritabilidade, reações paranóides, psicoses paranóicas acompanhadas de idéias suicidas. Quando ingerido com álcool o ecstasy pode causar, além de alucinações, choque cardiorrespiratório. “Dançamos horas a fio, mas no dia seguinte o estrago é grande”, confessa a estudante Carolina. Depois de ficar “a mil”, como ela descreve, o consumidor do ecstasy pode passar por uma depressão fortíssima. Ela revela que não é raro amanhecer com crises de choro que duraram até uma hora. “Sabemos os estragos feitos pela droga, mas usamos assim mesmo”, completa.

MERLA - Em fins de 1997, descobriu que o entorpecente mais procurado na capital do país era um novo tipo de droga obtida da pasta da coca: a "merla". Em laboratórios improvisados de Brasília, a pasta vinda da Bolívia, Colômbia e Peru é "enriquecida" com ácido sulfúrico, querosene, gasolina, benzina, metanol, cal virgem, éter e pó de giz. De acordo com uma pesquisa realizada na época, 68,7% dos usuários de merla roubavam para poder sustentar o vício, 17% se envolviam com o tráfico para poder adquirir a droga e 20,5% haviam tentado se matar para fugir da síndrome da abstinência ou da depressão causada pelo uso continuado. A merla destrói grande número de neurônios (células cerebrais), prejudica a memória e a coordenação motora, podendo causar hepatite tóxica e fibrose pulmonar e, assim como a cocaína, provoca taquicardia e em casos extremos até parada cardíaca.
COGUMELOS - As drogas alucinógenas são conhecidas da humanidade há milênios e até hoje ainda estão presentes em alguns grupos humanos em sua forma mais primitiva, através do consumo direto de certos tipos de cactos e cogumelos. Uma índia mexicana, por exemplo, afirma que os cogumelos – que ela chama de "fungos sagrados" – a levam para um mundo onde "tudo acontece e tudo se sabe". Quando volta da viagem, ela então relata aos outros o que os fungos lhe disseram… Os cogumelos provocam alucinações variadas. Às vezes, o usuário tem reações psíquicas agradáveis, em outros casos tem sensações de deformação do próprio corpo, um efeito evidentemente nada prazeroso. Apesar de provavelmente ser o tipo de droga mais antigo conhecido, foi apenas na década de 60 que os alucinógenos começaram a se popularizar.

LSD - O LSD é utilizado com o objetivo de "aumentar o estado de consciência". Em 1938, o químico suíço Alberto Hofmann estava pesquisando um remédio para enxaqueca no Laboratório Sandoz, mas acabou sintetizando uma nova substância a partir do fungo Claviceps purpurea, existente no centeio. Testou o “analgésico” em animais e decepcionou-se. Hofmann esqueceu o preparados numa prateleira e, cinco anos depois, ingeriu acidentalmente uma partícula. Foi a primeira “viagem” a bordo das alucinações do LSD. Pasmo, o químico viu, sentiu e cheirou “uma torrente de imagens fantásticas de extrema plasticidade e nitidez, acompanhadas de um caleidoscópio jogo de cores." Os alucinógenos (existem vários tipos) são substâncias que distorcem a realidade e o estado de percepção. Podem desencadear o aparecimento de estados psicóticos, depressão, pânico e alucinações incontroláveis. Também há registros de suicídios. A mais conhecida das drogas alucinógenas é mesmo o LSD, substância de ação potentíssima, cerca de 300 mil vezes mais forte que a maconha. Uma dose de 0,05 miligrama proporciona de 4 a 10 horas de alucinações. O LSD não vicia, do contrário da maioria das outras drogas. O seu usuário pode ter, entre várias outras, as seguintes reações: sensação de perda do limite entre o próprio corpo e o espaço em redor; sensação de que os odores podem ser tocados; sensação de que os sons podem ser vistos; sensação simultânea de alegria e tristeza; sensação de que se pode voar; sensação de pânico e de grande vulnerabilidade; tentativas de suicídio e surgimento de impulsos homicidas; perda de controle sobre os pensamentos; reação de "flashback" (alucinações que surgem até vários meses após o uso do LSD). Vários trabalhos científicos demonstraram que o LSD provoca alterações nos cromossomos, causando assim graves deformidades nos fetos.

SPECIAL K - A Cetamina, utilizada por veterinários para tranqüilizar cães e outros animais, é hoje conhecida entre os americanos como vitamina K, ou Special K, sendo cada vez mais popular entre os estudantes. Essa droga faz com que os usuários sintam "a mente dissociada do corpo". A combinação com álcool pode levar à morte por deficiência respiratória. Cheirar uma carreira de 5 centímetros de Special K equivale a uma carreira de cocaína do tamanho de um braço, por um quarto do preço.

AYAHUASCA, A.K.A. SANTO DAIME - No Brasil há uma religião que serve um chá alucinógeno, produzido pelo cozimento de um cipó chamado ayahuasca e uma planta, o qual tem poderes de "desvendar novos mundos" a seus consumidores. A palavra ayahuasca significa "cipó das almas". O chá contém dois alcalóides potentes: a harmalina, no cipó, e a dimetiltriptamina, que vem da chacrona, a folha misturada ao chá para potencializar seus efeitos. A bebida ajuda a "quebrar as barreiras da consciência" e sob seu efeito, a chamada “borracheira”, os fiéis afirmam ter visões místicas, as “mirações”, que são diferentes de alucinação. O chá atualmente é exportado para outros centros da seita localizados na França, Espanha, Holanda e Finlândia. No mercado negro, um litro da bebida, suficiente para seis doses, custa 30 dólares. A Ayahuasca é conhecida como "planta do saber". Leia mais sobre ela clicando aqui .

GHB - Por um lado, tonteira, riso solto e aquela sensação de que o mundo é lindo e as pessoas são todas maravilhosas. Por outro, problemas respiratórios e coma até mesmo por causa de pequenas doses. Este é o GHB ou gamahidroxibutirato. Nome complicado, não? Seus efeitos também são assim. O GHB é um hormônio natural de crescimento do corpo. Entretanto, manipulado em laboratório, a substância "tem sido usada e abusada por pessoas que querem aumentar a massa muscular", completa Lescher. "Muitos jovens e até adultos chegam ao meu consultório pedindo ajuda por causa do GHB. Eles tomaram com o intuito de ter um corpo perfeito, mas o psicológico e físico foram afetados de uma maneira ruim", completa o psiquiatra. Mas não é só em algumas academias, criminosas por sinal, que o GHB está presente. Por causar um certo tipo de euforia, ele já faz parte da vida noturna dos jovens. A substância é mais facilmente utilizada porque é líquida, transparente e inodora. Seus efeitos negativos, porém, são devastadores. Por agir como depressor do sistema nervoso central, a droga está associada a casos de morte por overdose: esta é precedida de perda de consciência e coma. "Geralmente, esta droga é importada, assim como o ecstasy", afirmou a pesquisadora Ana Regina Noto, integrante do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas). O composto surgiu como anestésico de uso hospitalar nos anos 60, nos EUA. Também já foi usado como tratamento para distúrbios de sono. Mas os conseqüentes problemas respiratórios causados por ele e a dificuldade de se calcular a dosagem máxima permitida fizeram com que médicos abandonassem a recomendação clínica.

HEROÍNA - A heroína é uma variação da morfina, que por sua vez é uma variação do ópio, obtido de uma planta denominada Papoula. A heroína se apresenta no estado sólido. Para ser consumida, ela é aquecida normalmente com o auxílio de uma colher onde a droga se transforma em líqüido e fica pronta para ser injetada. O consumo da heroína pode ser diretamente pela veia, forma mais comum no ocidente, ou inalada, como é, normalmente, consumida no oriente. A heroína é uma das mais prejudiciais drogas de que se tem notícia. Além de ser extremamente nociva ao corpo, a heroína causa rapidamente dependência química e psíquica. Ela age como um poderoso depressivo do sistema nervoso central. Logo após injetar a droga, o usuário fica em um estado sonolento, fora da realidade. Esse estado é conhecido como "cabeceio" ou "cabecear". As pupilas ficam muito contraídas e as primeiras sensações são de euforia e conforto. Em seguida, o usuário entra em depressão profunda, o que o leva a buscar novas e maiores doses para conseguir repetir o efeito. Fisicamente, o usuário de heroína pode apresentar diversas complicações como surdez, cegueira, delírios, inflamação das válvulas cardíacas, coma e até a morte. No caso de ser consumida por meios injetáveis, pode causar necrose (morte dos tecidos) das veias. Isto dificulta o viciado a encontrar uma veia que ainda esteja em condições adequadas para poder injetar uma nova dose. O corpo fica desregulado deixando de produzir algumas substâncias vitais como a endorfina ou passando a produzir outras substâncias em demasia, como a noradrenalina que, em excesso, acelera os batimentos cardíacos e a respiração. O corpo perde também a capacidade de controlar sua temperatura causando calafrios constantes. O estômago e o intestino ficam completamente descontrolados causando constantes vômitos, diarréias e fortes dores abdominais.

Esperamos que estas informações tenham sido úteis. Não vamos pregar para que você não use drogas - simplesmente porque isso não adianta nada, e se você quiser usá-las, irá fazer isso independente de qualquer coisa. (Se conselhos moralistas ajudassem em alguma coisa, ninguém mais usaria). Mas que este texto pelo menos sirva para aumentar seus conhecimentos a respeito das drogas, sabendo seus prós e contras.

Você não se tornará mais "antenado" e "moderno" usando drogas. Elas muitas vezes são uma muleta que a pessoa precisa usar para suportar sua vida infeliz. Só que a ilusão e sensação de bem-estar logo passam, e você cai num buraco que é difícil de sair. A escolha é sua. Se quiser usar, use - mas tenha em mente que as consequências podem ser muito ruins.
Fonte :Tranzine (ed.14)

Nenhum comentário: